sem título


vês?

no céu um foguete branco

a cauda fechada de um pavão 

o bico de um pássaro em gestação 

a varinha mágica de condão 

vês?

é um filete de luz pintada no azul

um trecho de música inacabada

um tufo puxado no algodão 

um banco livre do trem na estação 

crês?

há um mundo e estás nele

feito floco de neve no inverno

foligem da mata queimada

areia da praia nos chinelos de dedo

crês?

há pedaços de sonhos atirados no vento

gotas de chuva que caem apressadas

respingos de luz na vidraça das casas

vestígios de vida no hall das entradas

tens?

um pouco de calma no topo da escada 

um pouco de vinho na taça à brindar

um pouco de tempo de tempo de tempo...

vês?

tem gente brincando de ver a lua

por trás de rastros de um cometa

crês?

que tudo isso é teu?

vida que chega e que vai 

vês?

não duvides da força que vem de dentro

topa contigo mesmo na esquina

olhe pro alto, respire fundo e siga.


o céu há de estar aí amanhã também


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