eternamente

quero te olhar eternamente 
como se me bastasse à vida
o brilho dos teus olhos, ah!
teus olhos que gritam-me 
etéreas palavras de amor 
em um tropeço único e
verdadeiramente agigantado
a me sorver em tempo lento 
esparramando dias entre tardes

não sou dono de nada e apenas
quero te olhar eternamente 
para ser mais humano nesta terra
entre gestos vividos e vencidos
passeando em noites desacordadas
entre sonhos, a ranger pensamentos, 
em completa inspiração e respiração exausta 
por não ouvir tua voz, tua voz (tua voz!)
teu grito (sim, teu grito) emana dos teus olhos, ah!
teus olhos que gritam-me
me absorvem e eu te absolvo

quero te olhar eternamente 
e novamente e novamente 
e mais uma vez ouvir teu riso
tão indeciso e calmo e único 
a bastar-me tua existência amena
a iluminar, de tal modo, a realidade
que nos cerca, nos corta, nos enforca
e na escadaria descanso em repouso largo 

não sou dono de nada e apenas 
quero te olhar eternamente 
enquanto no vermelho do teu coração 
digo verdades na escalada meio nervosa
de uma vida ainda não descoberta
redescoberta em seu propósito
onde dentro de um íntimo acordo 
celebrado nas linhas de um Poema 
sinto-me incrivelmente vivo ( - viva!)

quero te olhar eternamente 
e tão completamente a ponto que não seja preciso sequer respirar 
ou comer alguma fruta fresca, ah! 
teus olhos gritam-me
e sendo assim, real o sonho nada assombrado
mão a mão, alimentado-me da tua presença (impermanente, eu sei)
mesmo assim, ouso oferecer-te
: meu amor a te olhar eternamente 

eternamente 


Ilustração de autoria da artista plástica Glaucia Gita Mendes. 
https://www.instagram.com/glauciagita?igsh=anViano5aTRnMzFz
Arte cedida gentilmente para ilustrar o Poema 


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