OLHARES - parte I


Há dias, em casa, que novos olhares correm em minha direção.

Depois, repousam calmos no escritório bem perto da poltrona em camurça vermelha.

(Minha poltrona sempre me espera ao cair das tardes de sexta.)

Tais olhares me provocam com tamanha profundidade que me enternecem amiúde.

Tento desviar a atenção e concluir atividades há muito iniciadas. 

Mas os olhares persistem.

Pululam em ligeireza e agora são muitos.

Meus dias parecem curtos e me faltam dezenas de horas a viver em vinte e quatro horas.

Me afasto.

Mas há um magnetismo inaudito e inexplicável que me move na direção oposta em que dou passos.

A pequena flor do jarro se intimida com tais presenças e parece perder a vez.

Os olhares.

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