CENTELHA
Hoje cedo ao abrir a janela
Uma luz invadiu meu quarto.
Sem pedir licença, fazendo toda a diferença
Ao momento que parecia inaugurar
Apenas mais um dia.
Como uma centelha, a luz era quase mágica.
Mesmo sem calor algum que um puro sol não cenográfico pudesse emanar,
Não foi apenas a alcova que se iluminou.
Irradiou para a vida até então tímida e cinza
Verdadeira alma de Nefertiti em mim.
Aguçou os sentidos
Me despiu do realismo pessimista
E iluminou o assoalho, as paredes, a porta, meus pés, mãos e coração.
Partiu o desgaste das horas internadas em perpétuo silêncio matinal.
Reacendeu o ardume cismado há meses.
Retirou o queixoso argumento da boca substituindo por doces bocejos sabor baunilha.
...
A noite chega e se instala mais uma vez.
O gélido ar da noite de inverno se apropria da casa.
Mas a centelha que chegou com o alvor despretensioso, persiste em meus olhos.
A luz ainda está aqui.
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