CANSAÇO


Tem horas que o fervilhar do sangue, 

Chega a desabotoar a camisa

Tamanha força. 

Vez ou outra - e mais outras - é a respiração ofegante a brotar. 

O cansaço comanda os passos.

As feridas já cicatrizadas se abrem num passe de mágica. 

Incomodam.

Coçam-caçoam do corpo inerte.

O pulso não funciona em velocidade máxima. 

As pálpebras letárgicas não despertam para o mundo e os olhos estão pequenos.

...

Longe de ser um falcão-peregrino 

Minha astúcia é revista de tempos em tempos,

E o tempo é cruel, porém...

Boa brisa arrebenta a vidraça e o torso indireita peitando o cansaço e pelo braço do poeta reinicia a força. 

As mãos pegam o lápis.

Os dedos digitam palavras com muito sentido.

E o dia desponta.

...

A luz do sol abre as janelas da casa.


Adriana Paris

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