VIAGENS POSSÍVEIS


Basta um mouse.
Sem cauda.
Sem dentes.
Inanimado.

E assim, sob o comando da mão direita,
Vou de São Paulo à Paris.
Tóquio, Veneza, Boston e Xangai.
Circunspecta, escolho o roteiro.
Faço as malas.
Ou melhor, a mala.
A bagagem tem que ser  breve.
Leve.
Deixar o corpo solto e livre pra buscar o destino.

E o mouse continua sorrateiro procurando as viagens possíveis a serem feitas pela tela de um computador.
Na mesma tela, vejo do céu no avião embarcada, o mar e as montanhas bem pequenas abaixo das nuvens.
Quantos portões existem pelo caminho daqui até algum lugar que eu queira ir?
Pra onde eu possa ir.
Virtual.

O mouse vai.
Volta.
Descansa.
Clica.
Percorre incansavelmente com sua seta virtual, caminhos diversos às viagens possíveis.

Neste mundo XXI pandêmico, sou ar e terra.

Isolada em meu ninho num novo planeta sem plaquetas buscando a cura.

By Adriana Drih Paris.

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