Lonjuras.

Até ontem, ou melhor dizendo, até 35 dias atrás eu estava bem longe de possuir habilidades tecnológicas.
Mal acessada as redes sociais, plataformas, lives e outras pegadas do gênero.
Hoje hangouts meet virou minha melhor ferramenta de comunicação on-line em tempos de home Office.

Até pouco tempo atrás eu estava longe de pensar na morte. Na minha própria morte.
Hoje de tanto ver os olhos dos outros, muitos outros e tantos desconhecidos, se fecharem (pra sempre!), comecei a abrir muito mais os meus próprios olhos.

Mês passado eu estava bem longe de me preocupar com gripe, renite, sinusite, tosse ou um espirro. Uma aspirina e um antialérgico dariam jeito em qualquer mal estar. Hoje sabe-se que não é só uma gripezinha.

Até ano passado eu estava bem longe de pensar que o amanhã poderia ser melhor, diante da insatisfação sobre um presente sistema capitalista mais que selvagem e vil no qual estou inserida.
Agora conseguir sobreviver aos percalços desta pandemia torna qualquer dia vindouro, absoluta e completamente, muito melhor.

Até umas horas atrás eu achava que as lonjuras faziam parte da vida. Vida longa ou curta sem muita preocupação com o tempo a se viver.
Hoje cada minuto é imprescindível para se querer viver. Viver bem!

Que as lonjuras aproximem as distâncias humanas que se criaram ou se acirraram pelo distanciamento social.
Que as lonjuras fiquem longe pra gente poder bem de perto se tocar, se abraçar, se beijar, apertar as mãos e desejar '- boa noite, até amanhã'.

Que haja amanhã.

By Adriana Drih Paris.

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