UM ANO

Os anos que somam o tempo que já vivi
Subtraem-se do todo que ainda tenho a viver.
Não sei o resultado desta conta
Porque a gente nunca sabe quanto tempo nos resta viver.
Mas, há muito mais a sentir, a sorrir, a chorar, a sofrer, a sonhar, a conseguir do que tudo que já se foi.
Pela simples certeza que o tempo se encurta a cada dia e noite, e a pressa necessária inconsciente abrevia as horas.
Sêneca foi absolutamente sábio quando discorreu sobre a brevidade do tempo.
Se eu já nascesse com tamanha sabedoria minha chupeta seria jogada na privada logo após a primeira experiência com ela.
Teria experimentado todos os sabores desde pequenina, teria estudado todos os idiomas possíveis, visitado todos os museus e lido todos os livros que vi, parados como enfeites, nas estantes das casas em que minha mãe me levou pra conhecerem sua cria.
Saberia também que um ano pode marcar pra sempre nossa vida, pode ser o divisor crucial do antes e do agora. 
Sempre e tão somente um ano a mais é, ao mesmo tempo, um ano a menos.
A obviedade das coisas são menos óbvias quando pensamos um pouco sobre elas.
Mas nem sempre dá tempo de pensar, porque agimos, sempre há velocidade em tudo.
A letargia nunca me fez bem.

E, assim, conto um ano a mais vivido, mas também subtraio, um ano a menos a viver.
(Escrito em 03-11-2015)

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