CATRACA - Versão II

Algum dia há que se ultrapassar a catraca.
Extrapolar o limite entre o antes e o depois da catraca.
É catraca no cinema, no museu, no busão;
Na padoca, no parque municipal, na universidade e na estação.
Catraca de acesso – retrocesso.
Parada, bilhete, sinal verde.
Parada, não tem bilhete, sinal vermelho.
Dinheiro.
É preciso dinheiro pra superar esta tranca.
Ela também é filha do capitalismo.
Algum dia há que se ultrapassar a catraca.
A barreira que segrega quem pode e quem não pode entrar, estar, falar, ser, viver.
A roleta separa quem está dentro e fora porque não pode pagar, e não pode pegar, não pode entrar e não pode ser.
Há uma catraca entre SP e MG, entre Sul e Nordeste, entre Brasil e o resto do mundo.
É a borboleta que não voa. É instrumento que grita e atravanca o acesso, o sucesso.
Obstáculo intransponível, caso contrário – cassetete, porra, porrete, porrada, cana.
Pula catraca vem outro e se atraca, cacete, detona, pirralho, caralho.
Há rótulos para definirem o que é certo e errado, de esquerda e direita, meninas e meninos, sim e não, bem e mal - Antonímia.
Há que se atravessar a catraca.
- A culpa é da taxa de natalidade, dizem uns.
- Se não existisse tanta gente diferente, não teria catraca.
- Porque quando a catraca é livre a gente lê: lotação esgotada! OU não se sabe quem é quem.
É preciso inteligência para ultrapassar a catraca.
Ela também é filha da ignorância.
Algum dia há que se transpor a catraca.
O fato é que não dá pra chutar o pau da barraca, tem que entrar na fila, comprar o bilhete e passar a catraca.
O fato é que não dá pra calar a matraca, há que se olhar pra trás (pro lado, pra frente, pra cima e pra baixo), há ‘gentes’ de todo tipo em todos os lugares.
Quem sabe a Maria-catraca pode passar voando, desapercebida, para o outro lado desta espécie de roleta que separa, segrega, forja e nem sequer lamenta quem ficou de fora.

By Adriana Drih Paris.


Em 22-07-2015

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