CATRACA - Versão I


Há que se ultrapassar a catraca.
Extrapolar o limite entre o antes e o depois da catraca.
Catraca no cinema, catraca no museu.
Catraca no ônibus, na entrada da universidade.
Catraca na padaria, no parque municipal, no metrô.
Catraca de acesso – retrocesso.
Parada, bilhete, sinal verde.
Parada, sem bilhete, sinal vermelho.
Dinheiro.
É preciso dinheiro para ultrapassar a catraca.
A catraca também é filha do capitalismo.
É a barreira que segrega quem pode e quem não pode entrar.
A catraca separa quem está dentro e fora porque não pode pagar, e não pode pegar, e não pode entrar.
Um obstáculo intransponível, caso contrário – cassetete, porrete, porrada, cana.
Pula catraca vem outro e se atraca.
- A culpa é da taxa de natalidade – disse o Minervino.
- Se não existisse tanta gente, não haveria catraca. Porque quando a catraca é livre a gente lê: lotação esgotada! – completa ele.
O fato é que não dá pra chutar o pau da barraca, tem que entrar na fila, comprar o bilhete e passar a catraca.
Quem sabe a Maria-catraca pode passar voando, desapercebida, para o outro lado desta espécie de roleta que separa, segrega, forja e nem sequer lamenta quem ficou de fora.

By Adriana Drih Paris.

Em 22-07-2015





Comentários

Postagens mais visitadas