ESTÔMAGO - versão 2 à Quatro Mãos (Adriana Paris e Iury Aleson)



há dias em que o estômago 

bate nos joelhos

e não é só de fome não

é de raiva e indignação

é de consternação e medo

de revolta e fome também

meu estômago está virado

e revirado ele permanece

mesmo eu enchendo 

ele de carne de porco

de fubá ou do que sobrou 

do vidro de cerejas do Armando


há dias em que no meu estômago

tem sapo coaxando sem parar

é um daqueles que a gente engole

e não morre (nem eu nem ele)

o ácido estomacal não mata

alimenta e causa náuseas 

(em mim e não no sapo)

até o fígado reclama e a bile

vira suco de limão.


Ah, sapo papão!

Você só atrapalha 

As vezes vai ao ar e diz merdas

(Muitas merdas!)

Coaxa e somos obrigados a te ouvir

Não fosse teu título e as forças armadas, 

Que te protegem!

Já teríamos te entregado pra água, pra cobra, pros homens!

Assim, sem sapos no poder! 

Talvez tivéssemos o prazer e como matar nossa fome! 


Fome que agora se mata revirando o lixo, os restos e as traças que comiam os livros!

Que tu fez serem mais caros,

(Quase inacessível!)

E não sabemos se é porque não gosta de ler

Ou, o que é mais provável, sequer saiba! 


Abaixo o anfíbio!

Que envergonha a espécie 

E se infla pra aparecer, 

Mas não finda a inflação que nos faz menos humanos 

E que esconde os picos de lucidez 

Dos brasileiros que se tornaram as moscas que tu anda linguando!

Ai, que dor no estômago... 


Tem mais não.


Comentários

Postagens mais visitadas