TARDES

 TARDES

                                   (poema à quatro mãos)


a tarde chegou

e eu cheguei tarde também

chegamos juntos, eu e o amor, nesta tarde

já tarde para amar você.


a sorte chegou tarde para mim,

eu cheguei tarde para o café da tarde

deixando sozinhos meus sonhos 

numa tarde já morta sem sol!


que amanhã não tarde abrir a janela

e sorver do café coado no bule

olhando o sol


que não seja tarde para brincar com as crianças 

e ouvir destas crianças

risos e histórias de bicho papão


que os medos destas crianças

não tardem a sumirem para sempre

que a tarde te leve ao encontro da noite


depois, poder brindar na tarde já morta 

com a escuridão que chegou mais tarde

ao aconchego dos braços da tua deusa 


não é tarde para

o descanso em novos dias 

com novas tardes abonadas de sol.


POEMA À QUATRO MÃOS.

Adriana Paris e Justino Alves

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