A Pequena Beleza de Adriana Paris (Ilustração Agathe Rostel com texto a partir da imagem)


De olhos encaixados no espelho
A fitar o reflexo da própria pequena beleza
Dentro das vestes surradas, barra desfeita
Do tecido esgarçado quase sem cor.

Disfarçado pela meiguice, o olhar
Da criança de pé no chão que brincou
Com peças de brinquedos velhos
De alguma família cujo filho cresceu, é terno.

E eterno será o jeito de criança 
Na meninice da idade infante
Sem as botinas gastas do corre corre na terra
Repousa, por hora, pés pequenos descalços no chão. 

A menina dos cabelos embaraçados,
Que caem sobre os ombros sem cautela
Com franja comprida precisando de corte,
Transpira a rusticidade do campo.

Naturalmente vaidosa 
Olha seu rosto corado
De brilho meio ofuscado
Pela poeira de um espelho velho.

Sobre o caixote improvisado de cômoda 
No único cômodo da casa que abriga,
Longe da multidão,
Sonha acordada, a pequena beleza ainda pagã. 

Adriana Paris. 


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