PARADOXO - PRIMEIRA PARTE



PARADOXO - PRIMEIRA PARTE

Ah! Ah!
Quero voltar aos tempos de pombo correio 
Onde a mensagem chegava inteira voando
Era real passageira na perna da ave certeira
Sem arroba, não ia pra caixa de spam.

Quero voltar aos tempos do mimeógrafo 
As mãos roxas cheias de tinta carbono
O peso da máquina carregada no braço 
O cheiro de álcool na idade em que não se podia experimentar pinga. 

Ah! Ah!
Quero voltar aos tempos do fogão à lenha
Da casa da bisa no interior de Goiás 
Catar a lenha fresca, deixar secar por horas até a fome apertar.
E brincar com as cinzas toda vez que o fogo apagar.

Quero voltar aos tempos da roupa lavada no rio 
Saia, calça, calção batido na pedra
Cesto carregado nas costas
Sabão de pedra
Trouxa de roupa quarada no chão.

Ah! Ah!
Quero voltar aos tempos do orelhão de ficha
Com fila de espera pra ligar pra casa e para o patrão,
Avisando ter chegado bem na escola 
Ou que não ia comparecer na firma por causa da greve do busão. 

Quero voltar aos tempos em que se acreditava que o Brasil seria o país do futuro 
Não de parte considerável que ainda crê e aposta no burro, 
Taca pedra no muro, reza e peca, peca e reza e vive dando tiro no escuro.

ADRIANA PARIS 










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