Dragão de Komodo

Entrei na fase reptiliana.
Aguardei febres e dores.
Não houve indisposição.

Parecia não ter recebido picada.
Não vi no espelho olhos vermelhos.
Não houve visível transformação.

Fiquei em pose de ataque.
Aguardando a pele encrespar. 
Unhas ou dentes crescerem
E corpo rastejar no chão.

Sopa de bactérias por dentro
Pra brigar e matar ocasional invasor.
Larápios e fakes na mídia 
Tentando afogar o dragão.

Tapo os ouvidos ao monstro real.
Bípede eleito que joga com vidas.
Ri da ciência passando receita
De verme pra vermes ou não.

Vírus letal contemporâneo-(des)humano.
Homem vestido de terno no palanque das lives.
Blefando enganando cuspindo enterrando
Povo sofrendo miséria sem pão.

Eu, Dragão de Komodo, nascido na América.
Réptil carregando uns sessenta por cento de antídoto
Pronto pra luta sem espada só com o dedo.
De olho pro voto da próxima eleição.






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