VIDAS COSTURADAS. Da série Poema à 4 mãos por ADRIANA PARIS (BRASIL) e OSVALDO SAHOPA (ANGOLA). ILUSTRAÇÃO DA ARTISTA GLAUCIA GITA MENDES (BRASIL).
vidas apartadas por águas salgadas
que coexistem entre letras de um alfabeto lusófono.
conhecidas à distância, além mar, palavras nascem
esclarecem hipóteses dantes não pensadas
e nada silentes, se (re)escrevem por si mesmas
no colossal nascedouro de culturas entre etnias
mãos dadas dentro do berço único que é a humanidade
onde, por coerção, se movem corpos de terras e enterra sonhos
pela força da resistência física e da palavra em verbetes mal conjugados
costuram-se vidas, hoje libertas em matéria, presas ao passado comum
na diáspora das vozes de corpos que lutam - até hoje
pela existência da fé, da história, da cultura, da imagem e seus monumentos
monumentos que não são inéditos,
nem se quer inolvidáveis no mar das montanhas amoráveis
que brotam letras em forma de união
no nascer de raízes inatas pelo tempo do nosso tempo.
no vem e vai do vento saudosista do horizonte temporal
as linhas da distância sempre se encurtam por uma palavra lavrada
pelo lápis poemário da poetisa que escreve a voz falada
ouvida na união de línguas cantadas pelo vento duma pitada de cor incolor.
em fim, no fim de cada princípio não há vida que não se funde por conta da distância
pois a palavra falada, se transforma em rabisco leve e usável;
de lá pra cá sem precisar de um mensageiro fiável
são vidas costuradas pela linha imaginária que une e não separa.
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