desarrumada, a cama jaz


e devagar
o sonho de hoje
vira de ontem

tamanha pressa do tempo
que nem deixou
o lápis apontado

comecei a escrever
e a noite chega, mansa
depois das horas vencidas

e o pesadelo de amanhã
não fará parte do meu sono
sonhado em abandono

nem o espanto ligeiro
da vontade de sorrir
me surpreende ao travesseiro

desarrumada, a cama jaz...

bocejo em ternura
vez que nem bem acordei
e já é tarde, o sol baixou longe

a lua trêmula acorda e alguns anjos brincam de roda
riem faceiros os meninos e as meninas

nem o alvoroço das ruas
desabriga meu corpo ao descanso
enternecida sou uma entre tantas pessoas

a cama jaz desarrumada
e meu corpo se ajeita entre lençóis
nada há de melhor que o abraço do berço

que venha o sono e o sonho
seja o cúmplice destemido
a roubar o desencanto pelo medo da escuridão



Comentários

Postar um comentário

Postagens mais visitadas