PRISMAS

nos últimos meses apenas os livros descortinam-me,
de soslaio, arrumados sobre o criado mudo, 
eles nada mudos, suspeitam que eu os ouça.

no apetite de serem lidos nas horas adjuntas
reivindicam mudança de ordem na pilha posta aleatoriamente
e, assim, vão experimentando meus dissabores.

sentem tanto e tanto, que resultam-se em medicação
ao menos placebo para dores físicas, aliviando sintomas,
mas realmente terapêuticos para os suplícios da essência.

e como tratamento os livros fazem-se presentes.
os lidos e os não lidos, como companheiros diários
a fitarem-me e a sorrirem (mesmo os de capas fechadas).

suas páginas recheadas, como braços e mãos, me embalam
guardando tanto em si, que cada um faz parte do mar de palavras
e como ondas acometem-me a cada novo capítulo avançado.

os livros, por vezes tímidos e com vozes roucas,
chamam meu nome enquanto observam-me, cabisbaixos,
e assim, também de viés os encaro: sóbria, calada, absorta.

: e feito prismas, conversamos.




Comentários

  1. Olá Paris. Os livros têm sido uma fonte significativa de conhecimento. Os livros parecem desejar serem lidos em uma sequência específica, em horas específicas, para satisfazer sua própria fome de serem lidos. Os livros têm um impacto significativo em sua vida. Boa leitura. Bjs com carinho.

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