RETRATO


nossas mãos dadas em um registro rápido da polaroide 
emoldurado em exposição no corredor do apartamento
não mais apertado e sem nenhuma sedução

sem vento para entrar pela janela
cortinas mortas, estáticas
não sei por onde repousam aquelas mãos (que não as minhas)

e no retrato em preto e branco guardado no coração
caminho no infinito da sala de estar (um dia nossa)
e me vejo, em sombra, só contorno de mim

refletido no assoalho pelo sol que ousou sorrir
neste domingo nublado até poucos instantes
querendo entrar no retrato e ser pego pelas mãos 

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