EU e o OUTRO


Dificilmente me encontro quando estou só em mim.
É como se tudo fosse parede de um reboco velho.
Estou em ruínas e ainda na metade do meu tempo.
Um tempo que não tenho certeza, mas espero.
Eu em mim não sou completa e acabada.
Sinto que preciso do mundo dentro do estômago,
dentro do coração, na palma das mãos e sola dos pés,
dentro da garganta e da cabeça que não descansa.

O Outro que me faz parte e me integra
me traz o riso jovem em um corpo de meia idade.
Não sei quem é este Outro mas construo pontes.
Naquelas paredes, janelas vão se abrindo e há portas também.
Alguns quadros ilustram minha vida que nem conheço bem.
Dentro do coração, nos pés e nas mãos tenho um novo ar.
O respirar do Outro processado pelos meus pulmões.

Sou rastro de mim e tenho um Eu no Outro.
E o Outro está em mim também.
Não sei bem como acabar esta história que só agora me dou conta.
É um revezar de vidas e de estares por alguns lugares.
No rio, na terra, no mar, na estrada, na mata e no ar.
Sou peixe e pássaro, homem e mulher, fogo e água.
Não me conheço bem nesta vida. Mas vivo. 

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