VIAJANTES - Poema à Quatro Mãos por Adriana Paris (Brasil) e Osvaldo Sahopa (Angola)
não há ostras suficientes nas ilhas Cook
para eu colher pérolas e pérolas
para fazer o mais belo colar
nem paredes que possam separar olhares
sobre o
mesmo poema sem lágrimas
presas aos cílios - inibidas por caírem à face
visto a melhor roupa para a espera no cais
o navio de muitos passageiros irá aportar
mas será apenas você
aguardado entre tantos
olhares cruzados e estrelas
tilintando no céu ainda claro
como viajantes
nas mentes e nos sonhos
sem propósito aparente
com aquarela minhas nuvens nascem em telas
vistas no horizonte (que será nosso)
e esta vida será doce, dulcíssima
suave ao som de ondas agitadas
naquele mar que
encerra e também inicia
o oceano que separa (e une) os viajantes
e as mesmas ondas sorriem
feito sal, feito açúcar, feito gaivotas
aguardo a sua chegada amorável
com a mochila molhada de amor
para eu servir de toalha à saudade
entre as águas - viajantes do tempo
enxugando as memórias
carregadas entre o mar
e eu
o tempo é o culpado desse mover-se
que junta caminhantes de lá pra cá
e de cá para lá - (s)em rodeios
fundindo corações que sobrevivem
num piscar do lápis apaixonado
que voa da
imensidão para amar
cravando sentimentos duelados
por cores incolores em expedição
que rompe o véu do céu
reaviva entre mares, estradas e ares a paixão incomum
para o mundo saber saborear sem fronteira de
sensações
e sem orgulhos morados pelos cantos encantados (encantos)
adoro o teu bem-querer
que jornadeia de dentro para fora
do real para o irreal
do corpo para alma
do Brasil para Angola
na mente de fantasias minhas
pois, advieste na hora certa
e as portas da satisfação se abriram
em sorrisos sem fim
agora atracaste neste porto
assegurado pelo seguro
só pra mim e mais ninguém
numa tocata em violoncelo
cujas cordas só eu ouço
no vai e vem das ondas do mar
Comentários
Postar um comentário