BRIQUISMO - para o poeta (e cirurgião dentista) Marcelo Kassab

serro os dentes sem sabê-lo
querendo unir, em definitivo,
os maxilares e seus pendentes
alvos - os trinta e dois
mais incisivos aqui,
do que em qualquer outra boca

rangem com o passar dos meses
e não se avistam os caninos,
estão todos em irmandade (iguais)
serrados na boca cerrada
que quer tanto falar e se espanta
ao sorrir diante do espelho

com a língua árida em deglutição
das palavras - há tempos soltas -
circulantes na mente da bruxa
sentada na poltrona roendo torrões de açúcar
descompassados e ansiosos
por outros sorrisos sinceros
(mascarados ano e meio)

os músculos atordoados
de uma face cansada 
(em insônia prolongada)
aguardam na sala de espera
pelo doutor - que também é bruxo
em seu jaleco, enluvado e alvo,
efemeridades em um poema novo


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