Orquídeas ressuscitadas em alguns dias ruins.

Dias passaram no tempo
Sem nenhuma nova estrela me sorrir.
Mesmo com sol,
Os céus da última semana
Estavam nublados.
Não olhei a rua pela janela,
Nem abri a caixa de correspondência.
Mantive as luzes da casa apagadas
Noite e dia
Nos últimos dias que foram noites. 

Eu estava só
Mas havia uma multidão em mim.
Me arrebentava por dentro
A cabeça doía devorando células neurais.
O cerebelo liquidificado.
Eu via estrelas sem olhar para o céu
(Elas não me sorriam).
E toda vez que eu chamava meu próprio nome
Eu não me ouvia
E me perdia.

Esgotei as tentativas de mudar a rotina da última semana
Precisei parar de brigar.
Infinitas horas sem hora para a tempestade cessar.
E nem choveu nesta semana.
Gatos que não vi, miaram forte pelos telhados vizinhos
E o som do choro deles entraram em casa.

O sol forte das últimas tardes
Não aqueceram meu quintal.
E sua luz esqueceu de vir.
Meu reflexo não estava no espelho.
Foram alguns dias ruins.
E algumas noites também
Sem violão 
Só um vilão dentro de mim 
No meio daquela mesma multidão.

Inverno quente.
Inferno na gente.
Sem poemas de Drummond.
Navegando sem remos
Nos termos impostos de uma natureza
Que não escolhe motivos.

Sem sentidos.
Senti cada pulsação 
De olhos fechados
Fechada dentro da casa,
Dentro do quarto e dentro de mim.
Foram os espinhos que nasceram 
Nas orquídeas ressuscitadas
Dos dias ruins.

Adriana Paris. 

(Primeiro escrito após sete dias com enxaqueca)













Comentários

Postagens mais visitadas