O cheiro de todas as flores de Adriana Paris (Ilustração: Glaucia Gita Mendes)
Amargas manhãs estas onde eu estou sozinha.
Com um nó na garganta a cada gole de café.
Sob o som do aspirador, logo cedo, no apartamento vizinho
Me fazendo companhia para eu deixar de estar só.
E a vista da janela me leva longe...
Pulo edifícios voando de braços abertos, leve
Feito gaivota que sabe sempre o rumo no alto do mar.
De olhos fechados para sentir o cheiro de todas as flores.
Os campos de uma terra que ainda não visitei
Guardam jardins imensamente naturais
Com perfumes de tantos novos brotos e pétalas
Coloridas paisagens pululam sem cerimônia fora da cidade.
E quando me sentir novamente só,
Sem o barulho do aspirador ou de um cão latindo,
Vou me lembrar de fechar os olhos e visitar
A terra que ainda vou estar quando sair daqui
Para me encantar com o cheiro de todas as flores
Que vou carregar sem medo e sem pressa em mim.
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