Nasce a poesia.
E no salão azul há um poeta mergulhado em seu mar de
palavras.
Parece um curandeiro pronunciando palavras estranhas e a
rabiscar seus cadernos.
Foge o poeta da era digital e é com um lápis que ele escreve.
Com seu cigarro apagado no canto esquerdo da boca ele
escreve nos cantos e no verso quando a folha de papel acaba.
Vejo uma lágrima na face do poeta.
Ouço um gargalhar saindo da boca poética.
Basta uma cadeira, uma mesa, um calhamaço em branco e um
pedaço de grafite.
E assim o poeta declina versos, ritmados e sem rima. Rimados
e sem métrica. Vívidos e sem pressa.
O poeta não percebe minha presença esguia atrás da cortina
do grande salão azul.
Não basto para que ele se perca e esqueça sua escrita para
me olhar.
Quando a ponta do lápis quebra, habilmente ele aponta com um
estilete velho, bastante usado.
Aquela ponta quadrada e irregular do lápis continua a
preencher todo espaço em branco e vazio das folhas que ele carrega.
O vazio vai-se deixando de lado e, agora largo em letras
reunidas, nasce a poesia.
Comentários
Postar um comentário