Não há solidão para um poeta.
Não há solidão para um poeta.
No silêncio das horas que avançam a madrugada surgem as
palavras certas pra se dizer para ninguém presente.
Daí o poeta liga sua máquina e no teclado, rápido,
escreve tudo aquilo que lhe sai da boca numa mudez que só os surdos ouvem.
Corações que dormem não sabem que o poeta escreve para eles.
No aguçar de um monte de ideias e sentimentos os pingos não
estão acima dos is, não dá tempo...
Algumas vírgulas faltam e outras sobram. Não há correção de
texto.
O poeta lança-se num amontoado de versos, de frases, de
amores, de dores, de razões para continuar a escrever.
Não é preciso um motivo. Não é necessário um fato.
Basta estar vivo.
A poesia rasga a boca do estômago e não há mais distância
entre os órgãos. Rins, fígado, baço, coração. É tudo sangue.
E o sangue irriga artérias e alimenta o corpo do poeta que
só quer escrever.
Não sabe se será lido. Se será amado. Se será citado.
O poeta escreve.
O poeta escreve.
O poeta escreve.
O poeta escr...
O poeta toma um gole d’água, mais uma xícara de café.
Se os tempos fossem os de outrora, seria mais uma folha a
ser retirada e outra colocada na máquina de escrever...
Noite adentro.
Não há solidão para um poeta.
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