o ninho
não é sobre o outro
é sobre mim
enquanto as ataduras apertarem-me a face, minha boca trêmula, desabitada em palavras, será força nula, inaudita, deserdada.
enquanto a mordaça estrangular minha boca e lábios já aniquilados, minha frase será deserta e meu ninho estará vazio.
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depois das doze horas chega a tarde mansa e na inquietude de varais carregados de roupas molhadas,
meus olhos ardem e choram minha própria ausência.
quando a noite termina sua entrada, minhas mãos resistentes soltam a vida sem brilho no meio do nada e logo em seguida se escondem do aceno, da escrita, do agito de lenços.
enquanto minhas pernas não me levarem à porta de saída, meu casulo se manterá fechado e a casa ferida me abrigará mais uma vez.
enquanto a vontade não se fizer soberana, apenas os pensamentos que vem de fora estarão à frente dos pensamentos que nascem dentro, que nascem dentro, dentro (dentro)...
: e o ninho se infinitará em vazio.

Ótimo Poema.
ResponderExcluirExcelente... Monstruoso!
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