POUSO
o teu colo acolhe o cansaço da vida
e abastece os olhos de encanto
onde nunca se viu sossego
chega, sorrateiro, o acalento
: tão sóbrio, tão sério, tão sereno
.
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cobre-se com o véu o rosto
tão puro, tão orvalhado, tão solene
o riso, tímido demais, se faz vivo
onde o cantar da sereia é ouvido
bem longe do mar, longe do Mediterrâneo
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o teu colo é berço em águas de remanso
é zona de parada alinhada ao horizonte
é terra e céu como brisa calma que chega
e carrega pra longe todos os medos
onde, sem pressa, a respiração é tênue
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o teu colo recolhe a esperança e o espanto
no pouso, nada forçado, de braços e boca
e em refestelo, dissolve-se toda
: a estrada, a menina,
a estrela e a lua.
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