é preciso sorrir no inferno

e o inferno é aqui
sob nossos pés
diante dos olhos

avisto o céu e ouço
a revoada assustada
de um bando de gente só

a segurança do homem
vem amarrada ao medo
constante e nefasto aos gritos

é preciso sorrir no inferno

é o jogar da ponte 
- o corpo 
que o sistema não reclama

a testa ensanguentada 
- da velha 
que protege o filho teu

o marchar pisado forte
sufocando de joelhos
o garoto pobre da comunidade

é preciso sorrir no inferno

falar alto
chorar baixo
renascer à cada morte

os miolos fervem 
os tecidos se enrijecem 
o ar na garganta queima

os braços se juntam
e as algemas rotulam 
os corpos de frente aos muros

é preciso sorrir no inferno

e o inferno sorri de volta
é preciso abrir a porta
sentinela sentindo a dor 

a mãe sozinha enterra
seu filho
e um irmão

sem voz de prisão 
estamos presos no labirinto
diante a banalidade da morte

é preciso sorrir no inferno

: iuqa é onrefni o !








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