MENINE

na escola e os olhos vidrados do menino
de frente ao quadro verde sob a poeira de giz que embaça sua vista
que avista passarinhos revoando baixo em sua sala de aula
trazendo no voo força e coragem, fazendo voar também o meninx
que não fazia julgamentos, só em pensamentos distantes
apenas construindo um castelo e suas cem janelas
sem dragão, só fogueira para iluminar as tardes sob a penumbra
e as noites escuras, sem lua, nuas estrelas nuas

sublime, atravessando portas e portais
como se fosse depositar sua vida toda naquele lugar
e a escola se fez casa onde o menin... se sentia seguro
pincéis, folhas, cadernos, sorriso, pulsação 
música, história, geometria, livros e matemática
na sede louca de arrebentar correntes e dominar suas pulsões 
estrangulando desejos de sair correndo, sem rumo nem norte
destruindo incertezas e construindo um mundo seu

e o menine se vestiu como quis 
desejou ser feliz e planejou seu sonho novo
desejou não ser mais aquele aprendiz
começou tudo de novo partindo dali leve,
escancarado com nome novo, verdadeiro colibri
e a ressurreição se fez presente, para sempre, a partir daqui





Comentários

  1. Bela poesia! A imagem é como se ele estivesse construindo um mundo próprio, num castelo iluminado. A escola um refúgio, aonde sentia seguro para, aprender e sonhar. Se reinventou, renasceu como um colibri, livre e cheio de verdade. É um retrato incrível de como podemos nos libertar das correntes das expectativas e criar nossa própria história. Você traz à vida essa jornada de autodescoberta e liberdade. Parabéns.

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