Borrasca
o vento, nada arrependido,
destelhou famílias
que, agarradas,
rezavam a Poseidon
orações diversas em voz alta
tentando não ouvir a tempestade
árvores caídas também choravam
pelos que perderam a esperança
seus soberbos troncos abraçando carros e calçadas
e as mulheres oravam ajoelhadas
enquanto a borrasca se apresentava
sem licença avançou portões
onde as vidraças despedaçadas
não mais esconderam o interior destas mesmas mulheres que olhavam para o horizonte
sem saber onde acabava o céu e começava o chão
tudo virou vento,
a vida virou vento
vento carregado de choro.
e tudo virou água,
água carregada de lágrimas
de uma chuva acumulada de mágoa
pelo descaso dos homens na Terra
Parabéns Adriana. A linguagem poética empregada é poderosa e evocativa, transmitindo a devastação e a emotividade do momento, enquanto também carrega consigo uma crítica sutil à relação do ser humano com a natureza e ao descaso com o planeta.
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