Eu - L.I.V.R.O.


Minha capa é de couro.
Couro grosso que aguenta os trancos da vida.
Sou livro enfurecido quando tentam rasgar-me páginas.
Sou livro virgem quando não há quem desbrave meu conteúdo.
Não sou destes livros grossos e toscos.
Mas me vejo livro escancarado aguardando leitor.
Eu, livro entorpecido pela tua vontade de (vem) me devorar.
Ainda não impresso em ofsete e já sou livro esfumado.
Você se quiser pode testar: me pega, me sente e cheira minha celulose.
Sou livro enfurecido quando ignorado: - ei, você nem virou pra segunda página!
Composto sobre papel pólen bold eu – livro envaidecido – vou me mostrando pro mundo.
Eu, livro escamoteado d(n)aquela estante indo pra sua. Ok, serei lido?
Não sei quantas páginas tenho, estou inacabado.
Mas sou livro estarrecido, não me enxerga?
Eu, livro enternecido posso suavizar teus dias (ou noites em claro). Leia-me.
Eu ecoo emoções e transbordo sentidos. Percebe?
Sou livro e vasta criatura, cria de mim mesma em palavras.
Redundância imperfeição não tento conter estas mesmas palavras.
Eu, livro (b)errante n(d)a prateleira, no teu colo, descolo uns segundos de olhar seu.
Sou livro e livraria: tenho história e minha vida tem várias seções.
Eu livro surdo não sou mudo, veja você o que falo.
Eu não sou papel de parede. Não sou embrulho de feira.
Meus escritos são meus transportes e minhas viagens.
Sou aragem mas posso ser pranto: não me deixe!
Mate sua fome em mim.
Sou livro sem verdades nem mentiras, você escolhe.
Pura franqueza.
Sou livro em ebulição.
Eu l.i.v.r.o. Te l.i.v.r.o. Me l.i.v.r.o da inanição.

Em 25-07-2018
By Adriana Drih Paris.



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