SIMBIOSE
encontro espaços de sobra nas sobras dos espaços em mim
recebo flores de estranhos e as deposito em vasos de barro
por pouco, não esbarro na sombra do jarro que mina, gota a gota, água fresca
e na fresca da brisa que bate de soslaio em meus cabelos
abelhas apressadas chegam e nas ondas de minhas mechas avermelhadas
processam, fogosamente, a polinização longe de qualquer trivialidade
e nascerão brotos em mim a serem regados pelas chuvas de outono
borboletas lilases, dançantes ao redor de meu corpo, refestelam-se à sombra do pessegueiro
que herdei do casal francês que habitou este endereço no século passado.
e esvoaçantes, num bater ininterrupto de asas fluorescentes e curiosas,
atraem outros tantos pequenos insetos para sua festa no jardim,
exceto as formigas que não encerram seu expediente para comporem tal assembleia.
sinto gosto de mel nesta simbiose inusitada da qual vivencio em fase nada prosaica
num misto de paz e sanha entre riquezas inomináveis olhando tudo pela janela
LINDO. Amei. -- A poeta, "num misto de paz e sanha entre riquezas inomináveis olhando tudo pela janela"
ResponderExcluirA frase é poética e diferentes interpretações.
Está experimentando uma mistura de sentimentos conflitantes,
como paz e raiva, enquanto observa algo que é extremamente valioso ou rico de longe.
"num misto de paz e sanha" um sentimento de tranquilidade interior ao mesmo tempo
em que sente uma forte vontade ou desejo de algo que considera valioso.
"riquezas inomináveis" desejo é algo de grande valor, mas que não consegue expressar com palavras.
"olhando tudo pela janela" está observando essa cena de longe, talvez sentindo-se excluída ou distante do objeto de desejo.
A frase parece transmitir uma sensação de conflito interno e desejo por algo que está fora do alcance.
Que interpretação! Obrigada Mariotti pela leitura e comentário. Abs
ExcluirUma história, uma mistura de sentimentos. Uma "mistória" em tão virtuosas linhas!
ResponderExcluir