Segundos - escrito à Quatro Mãos por Adriana Paris (Brasil) e Osvaldo Sahopa (Angola)


 o coração do homem

abriga a história da procura

incessante pela irmandade perdida


e encontra repouso no oeste 

atravessando milhas em águas salgadas

para avistar um porto seguro


séculos atrás o desencontro

no hoje o reencontro (não) esperado

surgido em poemas transcontinentais


com sílabas jogadas ao vento

carregadas por si em sintonia lusófona

abriga nas almas distantes


tilintam olhares nos versos

sem sombras, só exclamações 

ladeadas de sonhos diversos


e como as águas correntes do rio,

nenhuma gotícula está separada da outra


água doce e água salgada,

mar e rio, são como os corações grudados

por um único céu e uma só chuva


nascem fusões inéditas e únicas 

a cada sorriso amanhecido pelo amor

oferecido pelo destino de lá e de cá 

para a vida ser um canto

cantado pelas aves douradas 


assim como o sol é natural

também são os poemas amistosos 

que fluem de rima em rima

a luz do luar da terra que é nossa


em segundos

os versos se encaixam

atravessando o Atlântico pelas ondas digitais

e se cristalizam em um só poema




Comentários

  1. A imagem das sílabas sendo carregadas pelo vento em sintonia lusófona sugere a ideia
    de uma comunicação que transcende as barreiras geográficas e linguísticas... lindo

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  2. Quanto encantamento num poema rico de história que aproxima a distância. Muito lindo!

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  3. Olá amiga Adriana! Estou muito maravilhado com este dueto poético que transcende fronteiras.

    Agradeço imenso a abertura que me proporcionou e me tem dado a cada dia. Gratidão eterna amiga poetisa...

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