O Poste




Ontem a noite passei por você 

No mesmo lugar daquele bairro

A rua onde moras há tempos

Estava mais clara que antes.

Poucas luzes vizinhas 

Ainda não foram trocadas 

E o reconheci ainda ao longe

Por sua chama semi esférica.


Parecias mais magro

Corpo pálido

Quase entregue às nuvens

Que passavam baixas, rasgadas

Por sua altivez (sempre apontando ao céu).

Diminuto reflexo meu no asfalto 

Parti letárgica e você estático 

Me olhando do alto sem se queixar.


...


Hoje encaro-te sem medo

Seu brilho ao longe avistei

E entrego-me à minha própria sombra 

Que é maior que eu possa ser

E não por acaso te abraço (sem pretensão de o ter)

Sinto frieza na sua pele concretada

Verdadeiro imã de anúncios privados

Olhando o céu que te cobre escuro.


Te acho em meio à penumbra 

Do que circunda a calçada que te abriga

E lá repousas sem reclamar 

Das vestes que não tens

Com poucos cabelos em fios sãos 

Lhe prendem e carregam mensagens

E rendo-me a encarar a rua com firmeza

Não tendo mais medo da escuridão.


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