Paulista de Minas

Eu penso que o Brasil nasceu em Minas.

Desde Luzia, bem lá atrás, este país era das Gerais.

E cresci entre mineiros sem nunca ter ido pras bandas de lá.

Respirando ares de Drummond em cada verso e poesia.

Passei por Itabira do Mato Dentro tantas vezes que perdi as contas.

Na meninice sentia o sabor desta terra e até o imaginado doce de leite derretia na boca.

Belezuras de rios, cachoeiras, gado leiteiro, cerca de arame farpado, café passado na hora que o coração chegava.

De noite ligava o rádio portátil e ouvia o Beto cantar...

Imaginando os campos semeados e quantos setembros eu quis estar lá...

As canções guardo até hoje na memória, os poemas tenho alguns que declamo de cor.

E a Luzia...? ah! Esta morreu tantas vezes que fez de Minas internacional...

Até o Milton se amineirou por força das circunstâncias da vida.

O Joaquim entrou pra História junto com o Cláudio poeta inconfidente...

Quanta conversa e
moda 
cachaça 
cantiga 
escritora
balaio 
doce 
poeta
queijo curado
reza 
viola 
e gente famosa Minas pariu.

Tenho saudades da terra que só conheci por pedaços.

Em Calda na Extrema viagem onde avistei as Porteiras e aqueles Meninos.

Pelas estradas empoeiradas no carro sacolejando e o riso larga na cara suada.

- Cadiquê eu tô aqui? 

Porque tem a Adélia que me cativou tem um bocado de tempo.
Seus poemas me inundam a alma desde a véspera de minha própria existência.

Ah! E tem também a Judith que falou que eu podia com estes versos partilhar meu coração mineiro dentro do peito paulista. Pois é.

Mesmo tendo nascido do lado de cá eu povôo o lado de lá. 

Sou ponte.
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.
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By Adriana Paris. 

Escrito dia 29/abril/2021 especialmente para a Semana Estadual de Incentivo à Leitura na cidade de Bueno Brandão / MG. 

 

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