Não chorem Marias.

Escorre grosso pela face.
A boca rejeita o caldo espesso.
O lábio argumenta mas não vence.
A viscosidade entra.
Como alimento penetra.
O choro intenso aumenta.
Olhos inchados, vermelhos, entregam.
A dor, vista somente por dentro, sentida.
Visco dá asco, de quente que nasce, esfria.
Seca, estraga rostos bonitos.

Denota a força da vida esgotada.
Marcas escondidas agora estampadas.
Expectoradas como lesmas na cara.
Semblante etéreo, pensativo e sôfrego.
No âmago um calor latente.

Corpo que expulsa em esputo sangue.
Permanece sepulcro em vida.
Brotam narinas suadas, sujas.
Choro contínuo, tímido, medroso.
Sal lacrimoso alimenta a raiva.
Inércia não mais.
Lampejos de ira.
Fome de vida.
De vida.
De vida viva. Com amor.

Coragem brota com o antes secreto defluxo.
Não mais oculto.
Carpido lançado aos ouvidos dos outros.
Agora o segredo é público.
Pena, prisão aos culpados.
As Marias hão de ter contentamento.
Não mais choram caladas.
Vale a Penha.
Alarido torpe esputo não mais.

Adriana Drih Paris.
Para 7 de agosto - Aniversário da Lei Maria da Penha.


Comentários

Postagens mais visitadas