Sem título.

Pego o chapéu pra ir embora.
Meu vôo será hoje.
Preciso partir.
Já estou tempo demais por aqui.
Entro num táxi e trânsito.
A plataforma do aeroporto está vazia.
Estranho.
Não há o barulho quase ensurdecedor das turbinas lá fora.
Meu chapéu é reposicionado na cabeça.
As malas não foram à check-in.
Onde estão os relógios com as horas diversas deste mesmo tempo em lugares distantes?
Os ponteiros estão parados.
Estagnação.
Momento de incerteza que se eterniza.
Não! Não há de ser assim.
Tenho outro chapéu. Quero usá-lo.
Em outro lugar.
Ao teu lado.
A partida não será mais hoje.
Talvez amanhã eu embarque.
Que os ponteiros retomem seu curso horário.
E eu me mova.
Chegará a hora da catarse.

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