VIDA TRANCADA

Dentro.
...
Porta fechada.
Janelas lacradas.
Cortinas cerradas.
Móveis imóveis.
...
Ar parado.
Sofá.
Chinelos nos pés.
Pés no chão.
Chão sob os pés.
Pensamento absorto.
Vida trancada.
...
Um copo pausado.
Sobra de vinho na garrafa.
Resto de pão no prato.
Fogão limpo.
Toalhas para lavar.
A grama já está alta.
Algumas flores secaram.
Dentro.
...
Por mais que haja isolamento, este ano, há muito tempo já havia solidão.
Celular, internet, Live.
Aproximação remota.
Escandalosamente paradoxal.
Real.
...
A modernidade não deixa de ser utópica.
Tanta racionalidade materializada em práticas humanas irracionais.
Incoerência e latência de tantos homens sobre a Terra (que não é plana) planando em religiões.
Religare.
Reencantamento .
Alma trancada.
...
Sonho colorido?
...
Interdependêcias!
Não há magnitude autossuficiente.
Não há!
Há muito que eles aguardam uma regeneração.
Mas parece que a humanidade continuará a mesma.
Desilusões e (a)casos reais, marginais, laterais e centrais.
Mente trancada.
O trem está atrasado.
...
O isolamento aproximou distantes.
As telas tornaram-se olhos.
(Há óleo quente no fogo.
Vou começar a fritura, chega de fogão limpo!).
Enquanto escrevo, penso.
Ou seria o contrário?
...
Dentro.
...
Baús cheios de ar.
E o ar falta.
Mais uma vela é acesa.
A lágrima cai.
O choro denuncia o até nunca mais.
Mas a solidão não existe mais da forma de antes.
Ela está aqui.
No vizinho.
Na rua detrás.
Na casa da irmã de cima.
...
Vida trancada.
Medo.
...
Dentro...
Também há esperança porque a vida é efêmera.
Sendo assim, viver é essencial.
Viver é necessário para passar o tempo.
...
Destrancando a vida...
...
Fora.





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