SARAIVA


SARAIVA

Eu queria que a chuva molhasse meus cabelos, e neles peixinhos nadassem entre os cachos castanhos.
Tivesse um trampolim para tilápias e um tanque para carpas vermelhas.
Em meus cabelos, uma piscina de água doce para os doces peixes brincarem.
Eu queria que meus cabelos fossem também ondas do mar em noites revoltas.
Com o vento que entra pela janela aberta agora, eles não param quietos, não se cansam de volitar.
Mas não cai só água de chuva branda do céu.
É uma chuva que não só molha meus cabelos.
Ela agride minhas costas.
Fere minha pele exposta.
Fura o toldo da janela do quarto.
Destrói o castelinho de areia feito na praia.
Danifica meu canteiro de jasmins.
É a saraiva que chegou poderosa.
Vitoriosa se vangloria ao olhar para o granizo em abundância que veio com ela e que não tem pressa em derreter-se todo...
Vai a hora e meia e as pedrinhas deslizando pela calha do telhado do meu quintal...

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