o deserto é aqui
e o deserto é aqui
sob meus pés
: a areia fina
no que sobrou do sangue
do meu povo
ancestral
entre correntes e pontes
sobre o oceano se viu
em partida arrancado em raízes
para outras terras ansiosas
cheias de prata e ouro
que guardava mil tesouros
embebido em lágrimas
vendo de perto a morte
que de tal sorte
recebeu como irmãos
Xamã, Pajé e o batuque
entre o som do atabaque
e as batidas do seus corações
acalmou os aflitos peitos
de guerreiros e guerreiras
para a paz de um sonho
perdido no tempo
partido sem tempo
pedindo mais tempo
servindo e servindo ao tempo
que fez-se séculos
entre pegadas e ossos
escrevendo a história
entre as palmas
e as rachaduras do chão
construindo castelos
de mais areia seca
até chegar à florestas
e pelas arestas perceber
que a história não acaba
apenas começa novo enredo
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