Eram as Mariposas
primeiro foram os maridos
oblíquos que faziam o terço.
e suas esposas pálidas,
ao lado dos seus consortes,
pensavam nos pecados que nem ousaram cometer
e todos rezavam.
mais tarde, as bençãos cairiam sobre todos aqueles
que semearam com suas súplicas
os caminhos afortunados que apenas os bem-aventurados
podem usufruir
e todos que rezaram estavam na lista.
dia de jejum também era dia de silêncio
e ninguém afoitava-se a romper com o pacto
entre os maridos, suas esposas e deus.
não havia caminho e transporte melhor,
que a distante (e alta) Ferrovia Qinghai-Tibete,
a verdadeira 'estrada no céu' para se chegar ao firmamento.
e semanas a fio,
a oração era o salvatério das pessoas de boa família.
eram os maridos e suas esposas devotadas,
belas, recatadas e do lar,
que viajavam, lado a lado, na Qinghai-Tibete (bem longe daqui)
para o enlevo espiritual
verdadeiro arrebatamento.
porém, em noites de sextas-feiras
havia o descanso ao sagrado.
enfim, era o profano que abria suas portas e janelas
e mentes, braços, sorrisos e pernas,
para os maridos, sem suas esposas,
que continuam belas, recatadas e no lar.
eram as Mariposas que pousavam
nos colos glorificados que tudo podiam
- com o consentimento do senhor,
rompendo-se, por algumas horas, a aliança sagrada
ao preço de trinta moedas de prata
ou mais.
Lindo ❤️
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