Desengavetando sonhos

alguns sonhos engavetados
pularam forte para longe do breu,
quando as gavetas 
de puxadores empoeirados,
se despiram de seus segredos
e trocaram ares com o lado de fora

ainda caminham tropeçando em nós
da linha do tempo que trilho
mas ajeitam-se com acuidade 
sem véus que cubram outros sonhos 
agora alinhavados
na costura invisível de palavras nuas

e pés, um tanto descansados, 
correm parados tilintando feito sino
sem mais apitos ultrassônicos
que só eu ouvia - 
as gavetas gritam, os sonhos saltam
na surdina do cair da noite

simples assim caminham
sem o repouso das horas inteiras
que se dividiram - hoje - em antes e depois 
desengavetados cumprimentando 
páginas de um outro (centenário) sonho 
(que não é mais só meu)







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