Da série AQUARELA e PALAVRAS: X - OLHARES (texto de Adriana Paris / ilustração Glaucia Gita Mendes)
os olhos que estão dentro de mim
saltam-me o corpo pela pele nua
o casulo é rompido e a metamorfose ocorre
dia após dia (por anos)
(desenganos) até quando?
...
os olhares que me tomam e tocam o flautim
não me afetam mais (por demais) - sou música
sinto a pele rasgar (sem sangrar)
e o pente desembaraça os cabelos
que cresceram (metros) entre as estações
...
meus olhos me acompanham e notam
a ausência de rubor na face e denotam
quando me exponho diante do espelho (a força)
sem autocensura, mesuras, reverências
(me enxergo mais)
...
aprendiz em ebulição permanente
palavras saem molhadas e ardentes
de uma boca em um corpo (esgotado)
que agora se deita e olha o céu do quarto
com mil sóis, estrelas e dois girassóis despetalados enfim
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