SETEMBRO

Este setembro ainda não trouxe novas flores nem novos sabores.

A sorte foi lançada ainda ano passado.

Passei dias e noites - aliás, muitos dias e muitas noites - aguardando uma boa notícia.

Ela ainda não veio.

Mas vieram novos hábitos, novas alegorias, novos modos de estar em lugares sem sair daqui.

Veio, com este nebuloso tempo, a vontade de ter mais futuro.

- Será que dará tempo? 

Tantos números e não sei seus nomes.

Não conheci seus consortes, sua prole, nem sobrenome. 

Estatísticas.

Faço parte de uma.

Todos eles e elas também.

Posso escolher onde quero estar.

Setembro com cheiro de abril, com gosto de julho, com cara de novembro.

Não houve menção no calendário impresso ano passado, que haveriam tantos dias e noites aqui.

Atrás da janela.

Novos números em mais uma quinzena. 

Nada banal.

Mas muitos os ignoram.

Neste fim de semana as areias da praia se encheram. Faz sol. 

Setembro sem as cores do inverno siberiano mas com as sensações de um povo distante. Estranho. Não há afetos reais.

Não há calor humano entre os meus conterrâneos. 

Não há. 

Ledo engano quem crê que houve mudanças.

Esparerrelas de dois e mil e vinte com nome e doses de dezenove.

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