A PORTA

"Estou tão Saramago esta semana!
Me sinto um português nato.
Muito embora eu tente puxar na memória, meus dias de criança em Azinhaga, nada me vem.
Transformei o romancista, poeta e contista em verbo...
No verbo saramagar.
- Eu saramago
- Tu saramagas
- Ele saramaga...
Cá me vejo perdido como poeta sem cinco sentidos.

E cá está uma porta.
Lugar simbólico de passagem entre o passado e o presente
Entre o antigo e o novo - o antes e depois.
Entre o real e o imaginário - exterior e interior.
E eu? Quantas portas existem dentro de mim?

Ando tão Saramago este mês!
Não me lembro se procurei a chave do cadeado por muito tempo...
Não a encontrei e arrebentei a trava.
Saramagar não é fácil, mas o que seria da vida sem a real dificuldade pela busca da razão de existir?

Ando tão Saramago este ano!
Escancarei algumas portas, perdi umas chaves, quebrei maçanetas, soltei dobradiças.
Me vi fora de mim. Em mim. Por mim.
Saramagueando vou continuar andando, desbravando, procurando encontrar respostas para perguntas que ainda não fiz, para problemas novos que ainda vão existir, para novas teorias que ainda não formulei.

Ando tão Saramago nesta minha vida..."

By Adriana Drih Paris

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